Ministro Manuel Heitor Conversas com investigadores: Os politécnicos e os centros FCT IPCA, Barcelos, 18 dezembro 2017 Videoclips da sessão: 1. Abertura (MJF, Mª. José Fernandes, presidente do IPCA): video (1:18) 2. Apresentação inicial (MH, Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior): video (22:05) ... Um processo novo, aberto e distinto do de 2013 ... A política cientifica deste governo tem como principio dar oportunidades de I&D a todos e garantir que o ensino superior deve passar pela valorização da co-localização das atividades de I&D com o ensino e a inovação ... Temos que abrir a base social do ensino superior e garantir aos que ai acedem um ambiente critico, de dialogo e de experimentação que só se consegue com investigação... Para além de abrir a base social de acesso temos que reforçar a capacidade cientifica das instituições, em especial com ligações às atividades económicas e profissionais. Isto exige algo que é sempre difícil: diversificar. I&D não é só "rocket science". Precisamos de diversificar as atividades de I&D e por isso tenho tentado introduzir formas diferentes de fazer investigação e acima de tudo associar a investigação com o ensino e a prática do desenvolvimento local... A importância que o "I&D baseado na prática" tem vindo a assumir em diferentes contextos regionais e nacionais... A nossa convergência com a Europa exige aumentar a diversificação das atividades de I&D e o seu alargamento a todos [alunos e docentes]. Abrimos claramente os painéis a novas áreas, algumas mais tradicionais e outras mais orientadas para as atividades profissionais ... Não há fórmulas únicas, mas exige sempre diálogo. Diversificar é complicado, é sempre algo "bom para os outros" ... Queremos abrir e diversificar os tipos de unidades de I&D ... reforçar em áreas diferentes das tradicionais em contexto universitário... Temos que garantir a liberdade de opção dos investigadores, mas tem que ser uma autonomia responsável, individual e coletivamente ... para encontrar qual o melhor arranjo na formação de unidades de I&D... Queremos centros tão fortes e tão diferentes quanto possível relativamente ao tradicional ... Como juntar diferentes competências sólidas e fortes, que não sejam meras associações artificiais sem conteúdo? O importante é a qualidade, a narrativa e a coerência do projeto cientifico. O número mínimo é 10 investigadores ... mas é possível ter menos, se for bem justificado. ... Aumentamos o numero de painéis para estimular a diversificação ... 3. Abertura da discussão (MJF): video (2:14) 4. Perguntas (1) (Vitor Carvalho; Nuno Rodrigues): video (2:46) O que fazer nas áreas de ciências e engenharia: continuar ou não nos centros das universidades? Programas doutorais nos politécnicos; regimes de transição. 5. Resposta (MH): video (12:00) ...vantagens potenciais de ir submeter nas novas áreas temáticas ... sem regras, mas é preciso coerência do projeto cientifico ... a questão é: como é que se querem comparar? Doutoramentos: vejo com muito bons olhos que no futuro existam programas doutorais nos politécnicos ... mas só se existir capacidade cientifica. Sem unidades de I&D forte nunca haverá programas doutorais. A investigação pode ser feita em muitos sítios ... doutoramentos em empresas ... ter alunos que pretendem investigar nos politécnicos ... O que tenho sugerido a todos os responsáveis dos politécnicos é que reforcem as unidades de I&D ... O reforço dos politécnicos só pode ser feito com mais I&D, ligada ao sistema local ... Os processos de transação precisam de ser processos de dialogo e de negociação ... Regime de transição ... Sei que a equipe de coordenação da avaliação tem em consideração esta dificuldade de garantir que uma unidade nova num contexto novo não é a mesma coisa que uma unidade que funciona há vinte anos. Se queremos estimular novas unidades, temos de explicar aos avaliadores que isso é um objetivo critico .. É mais fácil compreender uma unidade nova num painel novo ... O contexto critico da avaliação, e a diferença entre 2013 e agora, é a proximidade dos avaliadores com os avaliados... A avaliação de 2013 baseou-se sobretudo em não haver proximidade entre avaliados e avaliadores e haver uma avaliação bibliométrica ... É isso que eu quis quebrar ... os avaliadores têm que ir falar com os avaliados para perceber o seu próprio trabalho ... Todos somos humanos e não posso garantir que todos os avaliadores são excelentes. Estamos a tentar e foram as instruções que dei á FCT. Um bom investigador não é necessariamente um bom avaliador. 6. Perguntas (2) (Gilberto Santos): video (1:17) Como é que vamos dar a volta a isto? 7. Resposta (MH): video (10:17) ... o financiamento é baixo (mas estamos a crescer um pouco) ... queremos atingir a média europeia em 2030 (3% PIB em I&D, 2/3 privado) ... problema da concentração de i&D em poucas instituições ... aqui a minha política é diferente do anterior governo, a nível nacional e europeu ...queremos atrair unidades de i&D para fora dos principais centros ... Modificação da estrutura económica ... estruturas intermédias de partilha de riscos (colabs, 7 propostas já) ... diversificação que facilite a criação de empresas e alteração da estrutura económica ... 8. Perguntas (3) (Nuno Lopes): video (0:50) Representação dos politécnicos nos painéis de avaliadores 9. Resposta (MH): video (2:30) ... O caso do novo painel de enfermagem ... Se queremos diversificar, precisamos de painéis específicos ... e de diversificar o tipo de avaliadores ... O caso dos painéis de serviços digitais e os painéis tradicionais ... 10. Perguntas (4) (Joaquim Gonçalves): video (2:09) I&D e alunos de doutoramento 11. Resposta (MH): video (5:50) Essa pergunta parte da noção que só os alunos de doutoramento fazem investigação. Ora eu contrario isso. ... Se queremos verdadeiramente abrir a investigação, temos que a abrir a todos os niveis de ensino ... As instituições de investigação não se podem basear apenas em estudantes de doutoramento. Precisam de outros tipos de atividades de investigação. Por isso estas areas temáticas novas partem do racional que não vão ter estudantes de doutoramento. A ideia que só há I&S associada a preparação de teses de doutoramento é uma ideia que temos que abandonar, embora esteja muito associada à nossa própria formação. ... Pessoas que fazem investigação mas não para doutoramento ... os que já fizeram doutoramento não tem que fazer uma investigação igual à do seu doutoramento: esse é, quanto a mim, um dos grandes desafios da capacitação do ensino politécnico ... desacoplar a formação doutoral e as carreiras cientificas ... Nada melhor que ir ver e comparar com outras instituições ... importante ter as vossas proprias referencias (internacionais) ... Nessas instituições não há necessáriamente estudantes de doutoramento ... Mais: a noção de I&D baseada na prática baseia-se muito nisso, associar um ensino baseado em projetos onde induz uma rotina sistemática de projeto e investigação desde o primeiro dia do estudante no ensino superior. O meu sonho é que o espaço do ensino superior facilite o contacto com a investigação a todos os estudantes, e não que um jovem tenha que esperar por entrar no doutoramento para para poder fazer investigação. Desde o primeiro dia que entra no ensino superior deve estar sujeito a atividade sistemática de projeto ... o doutoramento é certamente uma área importante de especialização, mas não é só no doutoramento que se faz investigação ou que se publica, nem pouco mais ou menos ... é possivel ter boas publicações em todas as áreas cientificas, sem ser obrigatoriamente nas areas tradicionais de doutoramento ... isto passa por trazer para o I&D outros investigadores que não estudantes de doutoramento. 12. Perguntas (5) (Joaquim Gonçalves): video (0:17) Financiamento de I&D 13. Resposta (MH): video (1:45) Nós sabemos que os politecnicos fazem milagres com pouco financiamento ... é de reconhecer a qualidade do trabalho que têm feito com o nivel de financiamento que temos ... tocou no nosso ponto fraco ... 14. Perguntas (6) (Gonçalo Bandeiras): video (1:27) Programas Erasmus e centros I&D; nome "universidade" versus "politécnico"; composição de juris de mestrado e doutoramento 15. Resposta (MH): video (4:05) Erasmus: se pudéssemos ter para todos os docentes e estudantes seria ótimo ... mobilidade para criar identidade europeia. Mas sabemos que tem um problema: só concorre quem tem um mínimo de condições económicas para o poder fazer ... É bom, tem que ser alargado ... tem um nível de financiamento relativamente baixo como programa europeu. Mas não usemos o Erasmus para tudo, é um programa para a mobilidade ... Em relação à questão do nome, a minha posição é claramente não, não e não. Enquanto estiver neste cargo ... oponho-me a qualquer tentativa disso. Porque acho que é exatamente o contrario: não é mudando o nome que se muda o conteúdo. Temos é que ter conteúdos mais diversificados. Se algo falta no diagnostico português é a falta de diversidade: não precisamos de mais universidades, mas sim de melhores politécnicos ... Ao nível europeu, tenho dito que o nome Universidade de Applied Sciences muito me arrepia ... o nome está conceptualmente errado. Para já, não há Applied Sciences: todas as ciências são aplicadas ... Se há algo que temos de bom, é ter nomes diferentes para coisas que devem ser diferentes ... Sou um acérrimo defensor do nome dos politécnicos ... 16. Perguntas (7): (Sonia Monteiro) video (1:01) Novos painéis e mínimo de 4 centros por painel 17. Resposta (MH): video (3:57) Nessa área (contabilidade) como noutras, precisamos de um mínimo de quatro centros ... senão não temos massa critica ... Caso da antropologia versus sociologia ... Nos casos em que não temos massa critica suficiente de centros [para justificar um painel] pede-se a um perito externo, como prática internacional para aconselhar o painel ... Caso do turismo: achei que a ideia de um único centro nacional era péssima, porque precisamos de competição e de colaboração ... Sei que há áreas temáticas onde podem não aparecem um mínimo de propostas 18. perguntas (8): video (Verónica Ribeiro) (0:31) Risco das universidades também se candidatarem aos painéis das áreas temáticas 19. Resposta (MH): video (2:30) Eu espero que não ... regime democrático onde não vamos impor isso ... Processo crescente de diversificação do sistema. Estamos cá para ver se a comunidade percebe este desafio de diversificar o sistema. Não receio isso, talvez salvo uma área (turismo e hospitalidade) onde a apetencia universitária é grande ... Tenho discutido no âmbito da avaliação da OCDE e com a agência de acreditação ... passa por melhor especialização da lei de avaliação e acreditação ... 20. Encerramento (MJF): video (2:54) Gravação pelos serviços técnicos do IPCA. Agradecimento ao IPCA pela disponibilização da gravação do evento. Acerca desta "Conversa com investigadores": O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), Manuel Heitor, participa em mais uma “Conversa com Investigadores” esta segunda-feira, dia 18 de Dezembro, a partir das 17:15horas, em Barcelos, no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, IPCS. Esta “Conversa com Investigadores” tem por objectivo contribuir para a discussão da estratégia de capacitação cientifica dos politécnicos, no âmbito do programa em curso de Modernização e Valorização dos Institutos Politécnicos. Tem ainda como objectivo envolver as comunidades científicas num debate aberto e orientado para garantir a melhoria de todos os instrumentos institucionais e legais para o reforço da investigação científica e das condições para o seu desenvolvimento, incluindo a diversificação de instrumentos de apoio público e uma adequada co-responsabilização das instituições. O reforço e a valorização do impacto dos Institutos Politécnicos na sociedade e na economia do país articula-se com uma estratégia para o desenvolvimento de “Cidades e Regiões com Conhecimento”. Reforçar os Institutos Politécnicos é uma responsabilidade coletiva que tem subjacente a participação cúmplice e exigente de toda a sociedade no desenvolvimento das regiões, facilitando o acesso ao conhecimento e a sua valorização social e económica e tendo em conta a especificidade e diversidade do território nacional. O Programa de Modernização e Valorização dos Institutos Politécnicos, em curso desde 2016, desenvolve-se em cinco eixos programáticos: 1) incentivar atividades de Investigação & Desenvolvimento (I&D) baseadas na experiência 2) reforçar a oferta de formações especializadas de curta duração 3) fomentar a melhoria do desempenho e da qualidade da despesa pública, designadamente fomentando consórcios e a partilha de recursos 4) estimular uma rede de Cidades e Regiões com Conhecimento 5) alargar a base social do conhecimento e a sua especialização progressiva em temáticas com forte apropriação territorial. |